Dinheiro do povo rio à baixo

Com a mesma intensidade que fiquei feliz ao ver o Vale do Ribeirão Tatu revitalizado, fiquei decepcionado ao caminhar por lá recentemente. A obra recém terminada deu uma nova cara ao local. A limpeza da calha do ribeirão, o gramado protegendo os taludes e a construção da Marginal Oeste transformou uma região tomada pelo mato e abandono em uma paisagem bonita e agradável. O local se transformou até em pista de caminhada. Mas infelizmente o ditado “tudo que é bom dura pouco” se fez valer neste caso.

Como a maioria das obras desta administração, tudo esta desabando. Os muros-ala (usado nas saídas das galerias e compostos por um muro de contenção e uma escada de dissipação hidráulica) em sua maioria já foram destruídos, levados pelo ribeirão. Os taludes gramados, assim como no começo da obra, também estão sendo levados deixando as margens expostas e passíveis de erosão. As calçadas já estão todas trincadas e remendadas. Poças d’água podem ser vistas em vários pontos, propiciando um ambiente perfeito aos mosquitos da dengue depositarem suas larvas.

Um dos maiores desperdícios de dinheiro na obra certamente é relacionado ao plantio de grama. A grama do tipo esmeralda que foi plantada na região é a melhor e a mais bonita para esse tipo de situação, porém necessita de uma manutenção constante. E não é isso que vemos no local. A grama esta cheia de brachiária (praga que atinge as plantas), sem aparar e já esta destruindo as calçadas e até o pavimento. Em pouco tempo o gramado será novamente um matagal. Centenas de milhares de Reais foram gastos só no plantio de grama, investimento que, sem a devida manutenção, esta virando mato.

Não custa lembrar que a revitalização do Vale do Ribeirão Tatu foi fruto de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) celebrado entre o Ministério Público Estadual, Prefeitura Municipal e Águas de Limeira (atualmente Foz do Brasil), porém à custa do dinheiro do povo e não do dinheiro público. Explico: o dinheiro não saiu dos cofres públicos que são abastecidos com o dinheiro do povo, portanto, dinheiro público. Os investimentos saíram de um reajuste extraordinário e duplo das tarifas de abastecimento de água e de coleta de esgoto. Somados os dois reajustes chegaram a quase 20% além, é claro, do reajuste ordinário anual. Foi com o dinheiro deste reajuste e não com o dinheiro dos impostos que a obra foi realizada.

É uma irresponsabilidade para com o futuro deixar uma obra deste porte jogada às traças. É o retrato desta atual administração que realiza obras descartáveis para enganar trouxas na época das eleições. Isto esta acontecendo agora: várias obras que estavam paradas estão voltando à todo vapor e ficarão prontas às vésperas das eleições.

Cada vez mais o dinheiro público esta indo Ribeirão Tatu à baixo. E como todas as obras vão embora na primeira chuva que cai, quanto mais obras, mais nosso dinheiro escoa pelo Ribeirão.