sábado, 5 de junho de 2010

A ilusão da casa própria

A ascensão de milhões de famílias das classes “D” e “E” à classe média nesta última década criou um enorme mercado: o das famílias comprando seu primeiro imóvel. Com mais dinheiro no bolso e com subsídios do governo para a aquisição de imóveis até 100 mil Reais, começou uma verdadeira corrida em busca da casa própria. As grandes construtoras, atentas a esse movimento, também iniciaram uma corrida em buscas destes novos clientes. Acontece que a maior parte destas oportunidades não passa de ilusão. Estão se aproveitando da ingenuidade da nova classe média para lucrar e lucrar muito.

Um bom exemplo dessa ilusão são os empreendimentos que proliferam por aí (só em Limeira contabilizei seis desses). Em geral são apartamentos de cinqüenta metros quadrados, nos moldes dos lançados pela CDHU. Financiados em 20 anos (240 parcelas) a prestação gira em torno de quinhentos Reais. Essa prestação consome cerca de um terço da renda familiar da nova classe média. Se considerarmos que a aquisição de um apartamento ainda requer o pagamento de condomínio (que segundo um corretor que consultei vai girar em torno de 200 Reais) o percentual na renda é ainda maior.

Existem aqueles que alegam que é melhor pagar um imóvel em 20 anos, que viver de aluguel o resto da vida. Argumento acertado em partes. Despender cerca de 700 Reais mensais, por 20 anos, para morar em um apartamento com míseros cinqüenta metros quadrados e ainda pagar condomínio o resto da vida não tem lá muitas vantagens. A qualidade de vida em um imóvel destes é muito aquém da desejada.

Algumas pessoas me disseram que realmente não é muito vantajoso, mas é o que tem disponível para a nova classe média. Mais uma vez isso não é uma verdade. Com um bom planejamento e com o mesmo financiamento da Caixa Econômica Federal é possível construir um imóvel de 80 metros quadrados em um terreno de 200 metros quadrados. A qualidade de vida aumenta consideravelmente.

Essa corrida desesperada não passa de herança do nosso passado de inflação nas alturas, quando o único investimento seguro era um imóvel. Hoje, com quase duas décadas de estabilidade econômica e com crescimento sustentável da economia, não se justifica o desespero em busca de um imóvel. É possível planejar melhor para a aquisição do imóvel.

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