segunda-feira, 8 de julho de 2013

Subsídio: ainda não é a hora!

Muito tem se falado ultimamente – devido aos protestos que tomaram conta do país – da qualidade e da redução na tarifa do transporte público. Em Limeira não podia ser diferente. O prefeito Paulo Hadich (PSB), propôs um subsídio de até 33% ao sistema (o que pode ultrapassar até 1 milhão por mês) para que a tarifa seja reduzida em 10 centavos e para que o sistema tenha maior qualidade.

Mas será que a população de limeira deveria destinar mais de 12 milhões por ano às empresas de ônibus da cidade?

Em primeiro lugar, é preciso pensar que a Limeirense (uma das duas empresas de Limeira) esta na cidade desde a década de 1960. Portanto, seria muita ingenuidade acreditar que a empresa esta a quase 50 anos trabalhando aqui deficitária. Se esta há tanto tempo, é porque dá lucro. Sendo assim, não se justifica o subsídio por o sistema ser deficitário. É preciso abrir a caixa preta das planilhas de cálculo.

Outra questão a ser analisada é a gratuidade. O governo Silvio Félix, numa medida puramente eleitoreira, reduziu a gratuidade de 65 para 60 anos. Esta medida, vai na contramão do que a lógica nos mostra. A expectativa de vida das pessoas aumenta ano a ano. Para que os sistemas não quebrem, as pessoas precisam ficar economicamente ativas por mais tempo. Isso vale pro INSS e também para as gratuidades. Ao invés de baixar para 65 anos, a gratuidade deveria aumentar para 70 anos e não baixar para 60. Infelizmente os políticos pensam nos votos e não mexem no que se faz necessário.

Exposto isso, é preciso pensar na qualidade do sistema. Pregam muito que o sistema não tem qualidade – e como usuário atesto isso! – mas a impressão que fica é de que as concessionárias são as únicas responsáveis pela qualidade, o que não é verdade. A maior parte da qualidade no sistema é de responsabilidade da prefeitura.

O mobiliário urbano (terminal, abrigos nos pontos, corredores e etc) é de responsabilidade da prefeitura. Faz-se necessário, antes de praticar o subsídio, atender todas as necessidades que são de responsabilidade da prefeitura. Indico 4 intervenções no mobiliário de resultado eficiente:

1-) Operação do Terminal Urbano: o terminal urbano de Limeira é aberto, pois o sistema de integração é feito dentro dos carros. Entretanto, o terminal urbano gera um fluxo de usuários muito grande. Cada um destes usuários fazendo a integração dentro dos carros, gera uma lentidão no sistema. O município deveria operar o Terminal Urbano, fechá-lo, para que os usuários entrem pela porta de trás e assim agilize o embarque, reduzindo o tempo parado dentro do terminal.

2-) Abrigos nos pontos: A prefeitura, antes de despejar dinheiro nas empresas de transporte, deveria implantar coberturas nos pontos de embarque. Limeira possui quase 1.000 pontos, entretanto, apenas de 60 à 70% deles são de embarque. O restante – que são os próximos aos pontos finais – são apenas de desembarque e não necessitam de abrigos.

3-) GPS e controle do fluxo: o sistema, por contrato, deverá ser monitorado por GPS. Isso possibilitará o controle da frota, dando condições de se monitorar atrasos e gargalos no sistema. Sendo assim, a prefeitura deveria montar uma central de monitoramento e implantar telas informativas com previsões de partidas e chegadas.

4-) Corredores de ônibus: não adianta implantar corredores, como fez o Silvio Félix, se no final dos corredores existe um gargalo. Exemplifico: criou-se um corredor de ônibus na rua Tiradentes. Este corredor não existe na Av. Santa Bárbara e, mesmo que existisse, atravessar a rotatória da Barroca Funda seria outro gargalo. É preciso que a prefeitura invista em viadutos para que gargalos do sistema sejam superados. Barroca Funda e Avenida Laranjeiras são dois exemplos gritantes. Nos horários de pico, ônibus ficam até 15 minutos esperando a travessia. Isso, considerado ida e volta, tira muito tempo útil de um itinerário.
Além do mobiliário, a prefeitura detém a prerrogativa de indicar os itinerários. E aí esta um outro problema: medo de mexer com o comodismo do usuário. Exemplifico: em 2004, ainda no governo Pejon, foi feita a mudança de linhas diametrais para radiais. Isso obriga o usuário a descer no terminal para fazer a famosa baldeação.  Entretanto, manter a linha no formato diametral implica em sobreposição de linhas e que implica em sobreposição de horários. Um exemplo crasso disso são as linhas 107 e 15, que passam na Avenida Laranjeiras. Do Atacadão ao terminal urbano elas fazem a mesma rota. Só que essas linhas saem do Atacadão praticamente no mesmo horário. Isso faz com que o usuário espere muito tempo por um ônibus e quando chega, vem duas linhas ao mesmo tempo.

Toda a inteligência dos itinerários parte da prefeitura e, portanto, antes de subsidiar o sistema, a prefeitura deveria investir em inteligência.

Tudo isto, somados a uma renovação de frota, ar condicionado, funcionários educados e algumas outras medidas simples, melhorariam substancialmente o sistema, aumentando o IPK (Índice de Passageiros por Quilômetro), melhorando o equilíbrio financeiro do sistema.


O subsídio não é um monstro. Ele é fundamental para que o sistema funcione adequadamente. É até um fator de transferência de renda dos mais ricos aos mais pobres! O que não se pode admitir é que as empresas de ônibus recebam subsídios para operar um sistema falho. É preciso que a prefeitura admita que é responsável pelas falhas, que mexa nos comodismos do usuário, para que depois seja feito um subsídio ao sistema. Sem isso ficaremos sempre com a impressão de que há acordos escusos por trás dos planos de Hadich.

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