“É tão estranho, os bons morrem antes...” – Renato Russo
Vítima de AIDS, Renato Russo profetizou a sua própria trajetória no verso acima. Mas não é de Renato que quero falar hoje. Quero falar de dois brasileiros que morreram precocemente na última década, vítimas de causas externas: Sérgio Vieira de Mello e Zilda Arns.

Mestre em filosofia pela Universidade de Paris (Sorbonne), Sérgio esteve à frente de mediações de crises extremas como as do Sudão (anos 70), a do Líbano (anos 80), a da Bósnia, Iugoslava e Croácia (anos 90) e por fim no Iraque (anos 2000).
Sérgio era um bom vivant. Mulherengo e viciado em Red Label assumido galgou postos cada vez mais altos dentro da ONU usando de sua simpatia e carisma, típico dos brasileiros. Estas características foram fundamentais nas negociações com governos tiranos, insurgentes, traficantes e qualquer tipo de poder dominante sobre os povos de países em conflitos.
Disparadamente o mais cotado para assumir a secretaria geral da ONU, no lugar de Kofi Annan, Sérgio morreu em um atentado a bomba no QG da ONU no Iraque, no dia 19 de agosto de 2003.
Para conhecer mais sobre a vida deste “herói” brasileiro, sugiro a leitura de sua biografia, um dos mais instigantes livros que já li, intitulada “O Homem que queria salvar o Mundo” de Samantha Power.
Zilda Arns Neumann era médica pediatra e sanitarista. Fundadora da pastoral da criança no Brasil e posteriormente no mundo, Zilda dedicou sua profissão e vida a cuidar de crianças em situação de desnutrição. No Brasil suas idéias e o seu trabalho ajudou a salvar a vida de quase 2 milhões de crianças em situação de risco.
Ganhadora de inúmeros títulos, prêmios e menções, Zilda foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz em 2006.
Apaixonada pela pastoral, Zilda morreu ontem enquanto palestrava sobre o seu trabalho no Haiti, vítima de um terremoto que, segundo estimativas, ceifou a vida de mais de 100 mil pessoas.
Renato Russo tinha absoluta razão. É estranho os bons morrerem antes do que deveriam. Sérgio Vieira de Mello, Zilda Arns, Renato Russo, Ayrton Senna, Betinho, Mamonas Assassinas...
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